terça-feira, 11 de agosto de 2009

Uma lição sem o Tonecas (Luís Gonçalves)


DOWNLOAD

Comédia

Teatro


Se estiver interessado/a em representar esta peça de teatro agradecia que entrasse em contacto comigo, através do meu email: goncalvesluis_1@hotmail.com
ou do meu telemovél: 916940893

Baseado nas Lições do Tonecas de José Oliveira Cosme

Autor: Luís Gonçalves

Comédia

PERSONAGENS:

António Esfurrica (aluno):
Francisco Alforreca (aluno):
Maria da Passarinha (aluna):
Patrícia Melancia (aluna):
Pedro Aranhão(aluno):
Professor:

Sr. Bolhinhas (porteiro da escola):


Cenário: Uma sala de aula normal. Existe um quadro, nove secretárias para os alunos, cada uma com a sua cadeira e outra secretária com uma cadeira para o professor, que está virado de frente para os alunos.




CENA 1



O pano abre, os alunos já estão em cena sentados nos seus lugares, cada um tem um livro, um estojo e uma mochila. Existem quatro secretárias vazias, pois houve alunos que faltaram ás aulas. O professor entra em cena.



PROFESSOR: Bom dia meninos!



ALUNOS: Bom dia senhor professor!



PROFESSOR: (senta-se na sua secretária) Ora, hoje como para variar, vamos fazer uma revisão de todas as disciplinas! (toca o telemóvel) E como para não variar à sempre alguém que me interrompe! Irra! (atende o telemóvel) Estou sim?... Olá Dona Alzira como vai isso?... Mais ou menos? Então porquê?... O seu filho o quê?... O seu filho não pode vir hoje à aula? (salta de alegria) Olha que alegria!... Calma dona Alzira não se exalte comigo. Olha que alegria para o menino Tonecas não vir à aula… (Francisco mete os pés em cima da sua secretária) Não! Eu não estou no gozo, de maneira nenhuma o me... o quê? O menino Tonecas o quê?... Ontem no fim da aula, o menino Tonecas assaltou a cerejeira do vizinho… ó dona Alzira por amor de deus… o quê? Agora está com caganeira?... olhe-me esse calão dona Alzira… não estou a chamar calão ao seu filho, mas sim à caganeira, há outras maneiras de o dizer, como por exemplo diarreia… Mas em relação ao seu filho desejo-lhe as melhoras e espero que ele tenha aprendido e não volte a roubar cerejas ao seu vizinho! Um abraço ao senhor Artur seu marido! Pronto… Adeus e com licença! (arrecada o telemóvel, feliz) Abençoadas cerejas! Eheh! Finalmente vou poder dar uma aula com alunos decentes, obrigado senhor! (para o Francisco) Menino Francisco faça o favor de tirar os pés de cima da secretária. (Francisco o obedeceu) Muito bem! Agora vou fazer a chamada! Ana Solange Charneca! (pausa) Não está? É para admirar!



MARIA: A Ana Solange esteve em casa do Tonecas, ontem à tarde!



PROFESSOR: Então leva falta! (continua a chamar) António Esfurrica!



ANTÓNIO: (levanta o braço) Presente senhor Professor!



PROFESSOR: António Chapissa! Claro que não está! É o menino Tonecas! (pausa) (chama) Francisco Alforreca!



FRANCISCO: (levanta o braço) Presente senhor Professor!



PROFESSOR: (chama) Maria da Passarinha!



MARIA: (levanta o braço) Presente senhor Professor!



PROFESSOR: (chama) Octávio Octário!



MARIA: O Octário ontem foi para casa do Tonecas ao final da tarde!



PROFESSOR: (chama) Patrícia Melancia!



PATRICIA: (levanta o braço) Presente!



PROFESSOR: (chama) Pedro Aranhão!



PEDRO: (levanta o braço, fala nervoso) Pre…presente!



PROFESSOR: (chama) Susana Banana! (pausa) Não está?



MARIA: A Banana andou a roubar cerejas com o Tonecas!



PROFESSOR: Como é que a menina Maria sabe?



MARIA: Porque eu também andei a roubar cerejas com eles, mas eu não digo nada ao

senhor professor.



PROFESSOR: A Menina Maria tem cá uma lata!



ANTÓNIO: Ó senhor professor, eu posso ser castigado por uma coisa que não fiz?



PROFESSOR: Mas que disparate menino António é claro que não!



ANTÓNIO: Já estou mais descansado, é que eu não fiz os trabalhos de casa que o senhor professor mandou.



PROFESSOR: Ai não?



ANTÓNIO: Não!



PROFESSOR: Ai não?



ANTÓNIO: Não!



PROFESSOR: Então fez bem! Porque eu não mandei trabalhos nenhuns de casa para

fazer!



ANTÓNIO: Ai pois não! O trabalho era para a catequese.



PROFESSOR: O menino António é muito distraído já estou a ver! Então vai ter como

trabalho de casa para a próxima aula, escrever no seu caderno, cem vezes a frase “Prometo que vou estar mais atento nas aulas”.



ANTÓNIO: Vou ter de escrever isso tantas vezes?



PROFESSOR: Á pois e não são poucas! (pausa) Mas vamos passar à aula, como eu disse e repito, vamos fazer uma revisão de todas as disciplinas. Vamos começar com o Inglês para ver como ele está.



FRANCISCO: O Inglês está mal, partiu a cabeça.



PROFESSOR: Mas que vem a ser isso?



FRANCISCO: Vem a ser que esse Inglês não tem nada que se meter com a minha namorada, pois mandei-lhe com um calhau no meio da testa.



PROFESSOR: Eu não me estava a referir ao seu colega e não quero violência na minha sala!



FRANCISCO: Não foi na sua sala foi lá fora!



PROFESSOR: Não interessa! Esses assuntos não são para ser falados aqui dentro! Estamos entendidos?



FRANCISCO: Ok meu!



PROFESSOR: Meu?



FRANCISCO: Meu mestre!



PROFESSOR: Assim está melhor! (pausa) Como eu estava a dizer vamos começar com o Inglês! Como vocês sabem to be é um verbo!



ALUNOS: Sim sabemos!



PROFESSOR: Quem me traduz to be para portugês? O que significa to be em Portugês? (Maria levanta o braço) Diga menina Maria!



MARIA: To be, significa o nome do meu cão Tobias!



PROFESSOR: A menina é que me parece uma bela ca… To be significa ser! SER! Agora eu pergunto, qual é a conjugação do verbo to be? (Maria mete o braço no ar, mas o professor ignora) Menino Pedro!



PEDRO: (nervoso) Sim se… senhor professor!



PROFESSOR: O menino não percebeu a pergunta?



PEDRO: (nervoso) Pre… cebi!



PROFESSOR: Então vá!



PEDRO: Está bem! Está bem eu vou! (levanta-se para sair)



PROFESSOR: Mas para onde é que o menino vai?



PEDRO: (nervoso) O se… senhor professor di… disse vá e eu vou!



MARIA: Ai que cromo!



FRANCISCO: É mesmo uma batata podre!



PROFESSOR: SILÊNCIO! (para o Pedro) O menino Pedro tem a certeza que se sente bem?



PEDRO: Te… tenho sim!



PROFESSOR: Então está me achar com cara de palhaço!



FRANCISCO: (para o publico) Bruxo!



PROFESSOR: Está-me achar com cara de palhaço ou não?



PEDRO: Si… não! Não!



PROFESSOR: Então sabe me dizer a conjugação do verbo to be?



PEDRO: Sei sim!



PROFESSOR: Então diga!



PEDRO: A…(arranha na cabeça) a conjugação do verbo to be?



PROFESSOR: Sim!



PEDRO: Então a… (arranha na cabeça) a conjugação do verbo to be é… não sei!



PROFESSOR: Não sabe?

PEDRO: (nervoso) Não!



PROFESSOR: Porquê?



FRANCISCO: Porque é burro!



PROFESSOR: Ai é burro? Então diga lá o menino Francisco! Diga lá!



FRANCISCO: Lá! Então mas se estamos no Inglês porque é que passamos de repente para a música?



PROFESSOR: Mas quem falou em musica?



FRANCISCO: Então, o senhor professor disse para eu dizer lá, lá é uma nota musical!



PROFESSOR: Diga lá a conjugação do verbo to be, no Futuro!



FRANCISCO: Não sei se vai dar senhor professor!



PROFESSOR: Não vai dar porquê?



FRANCISCO: Posso já cá não estar no futuro!



PROFESSOR: Isto não está acontecer!



FRANCISCO: Mas pode acontecer senhor professor!



PROFESSOR: Veja se percebe menino Francisco! Eu quero que me diga o verbo to be agora, mas como estivesse a prever para o futuro, como por exemplo em português seria: Eu serei, tu serás, ele, ela, isto será, nós seremos, vós sereis, eles serão. Agora é só traduzir para o inglês! Percebeu? Diga lá então, o verbo to be!



FRANCISCO: AH! Então aqui vai. (respira fundo) Eu tubirei, tu tubirás…



PROFESSOR: ALTO! ALTO!



FRANCISCO: (diz mais alto) EU TUBIREI, TU TUBIRÁS…



PROFESSOR: IRRA! Cale-se menino Francisco Alforreca! O menino é um trapalhão de primeira!



FRANCISCO: Uau! Ou menos sou o primeiro em alguma coisa!



PROFESSOR: Desisto menino Francisco! Desisto!



FRANCISCO: Porreiro pá!



PROFESSOR: (olha para o tecto) Senhor ajude-me, por favor! (para o António) Menino António diga-me o verbo to be no futuro! Eu ajudo (em inglês, para quem não sabe lê-se “ai”) I… I…

ANTÓNIO: O senhor professor sente-se bem? Está aí aos ais!



PROFESSOR: Repita o que eu digo! I…I



ANTÓNIO: I… I…



PROFESSOR: I… I… vamos, diga o resto! I… I…



ANTÓNIO: (canta) AI! AI! Quem escorrega também cai!



PROFESSOR: (grita) IRRA! I will be, you will be, he, she, it will be, we will beyou will be, They will be. Percebido porra!



ALUNOS: Percebido porra!



PROFESSOR: Menino Pedro percebeu?



PEDRO: Percebi sim!



PROFESSOR: Então repita!



PEDRO: Já não sei!



PROFESSOR: Ok!



PATRICIA: OK Meu!



PROFESSOR: Meu?



PATRICIA: Meu mestre do verbo to be!



PROFESSOR: Assim está melhor! Ainda bem que a menina Patrícia falou, pois ainda mal ouvi a sua voz hoje.



PATRICIA: Então se o senhor professor anda a ouvir mal, tem de marcar uma consulta no oftalmologista, ou então no veterinário…



PROFESSOR: No veterinário? Então mas que falta de educação é essa menina? O veterinário é para os animais irracionais!



PATRICIA: Então o senhor professor é que diz, que nós somos macacos! O Macaco não é um animal irracional?



PROFESSOR: (irritada) A MENINA PATRICIA É QUE PARECE SER UM ANIMAL

IRRACIONAL! (mais calmo) Eu costumo dizer, que nós somos descendentes do macaco, isso quer dizer, que o macaco é o nosso antepassado, ou seja fomos macacos há muitos, muitos e muitos anos atrás antes de Cristo. Mas foi um macaco que evolui. Mas agora somos homens, animais racionais. Porque pensamos e somos inteligentes. Percebeu menina?



PATRICIA: Percebido senhor professor!



PROFESSOR: Percebido meninos?



ALUNOS: PERCEBIDO SENHOR PROFESSOR!



PROFESSOR: Agora vamos passar para a língua portuguesa! O Rui caiu! Onde está o sujeito? Quem souber meta o dedo no ar! (Francisco mete o dedo no ar) Diga menino Francisco.



FRANCISCO: Posso ir à casa de banho senhor professor?



PROFESSOR: Só se estiver muito aflito!



FRANCISCO: E estou senhor professor! Estou mesmo à rasquinha!



PROFESSOR: Então vá!

(Francisco sai de cena)



CENA 2



PROFESSOR: O Rui caiu! (Maria mete o dedo no ar) Onde está o sujeito,Menina Patrícia?



PATRICIA: Então se o Rui caiu deve estar no hospital!



PROFESSOR. A menina é que precisava de ir ao hospital!



PATRICIA: Ainda lá fui a semana passada e estava tudo bem!



PROFESSOR: Fizeram-lhe algum exame à cabeça?



PATRICIA: Não!



PROFESSOR: Eu logo vi! O sujeito está no Rui. Percebido?



ALUNOS: Percebido senhor professor!



PROFESSOR: Vamos passar à Geografia! Como se chama uma senhora que nasceu em Portugal?



ANTÓNIO: Portuguesa!



PROFESSOR: Muito bem! Até que enfim que o menino acerta uma! Então e como se chama uma senhora que nasceu na Polónia?



PATRICIA: Polonesa!



PROFESSOR: Mas que trapalhada menina Patrícia! Chama-se Polaca! E na Estónia?



PATRICIA: Estaca!



PROFESSOR: È uma Estoniana menina!



PATRICIA: (chora) O senhor professor está-me a chamar nomes feios!



PROFESSOR: Não estou nada! Estoniana é o nome que se dá ás senhoras nascidas na Estónia!



PATRICIA: Ah!



PROFESSOR: Vamos passar à história!



PATRICIA: (começa a chorar) Eu não quero! Eu não quero!



PROFESSOR: Mas não quer porquê? Temos de fazer uma revisão de todas as disciplinas, de vez em quando!



PATRICIA: (chorar) Está bem! Mas eu não quero morrer!



PROFESSOR: Mas quem disse que a menina ia morrer?



PATRICIA: (chorar) O Senhor professor disse que íamos passar à história! Costuma-se dizer que quem passa à história já morreu!



PROFESSOR: Mas que disparate, vamos passar para a disciplina de história!



PATRICIA: (pára de chorar) Aaaah!



PROFESSOR: Menino António quem foi o primeiro rei de Portugal?



ANTÓNIO: Sei lá senhor professor! Eu ainda não era nascido!



PROFESSOR: (irritado) Eu já sabia!



ANTÓNIO: Então se já sabia porque é me que perguntou?



PROFESSOR: Era para ver se o menino sabia!



ANTÓNIO: Então, mas se já sabia que eu não sabia, escusava de ter perguntado!



PROFESSOR: O primeiro Rei de Portugal foi D. Afonso Henriques! Os meninos também não sabe nada!



PATRICIA: O senhor professor também só sabe, fazer perguntas difíceis!



PROFESSOR: Já estou a começar a ficar enjoado!



PATRICIA: Então beba um cházinho que isso passa!



PROFESSOR: Estou a ficar enjoado de tanta ignorância seguida! Vocês hoje estão piores que o menino Tonecas.



MARIA: Como é que o senhor professor sabe?



PROFESSOR: Porque só hoje é que vos ouço, responder mal ás perguntas!



ANTÓNIO: Também só hoje é que nos faz perguntas! Só fazia perguntas ao Tonecas.



PROFESSOR: Abençoado Tonecas! Vamos mas é mudar para as ciências! Como se chamam os animais que se alimentam de leite? (Maria mete o dedo no ar) Diga menina Maria!



MARIA: São os Leitões senhor professor!



PROFESSOR: Não menina, são os animais mamíferos! E o que são animais herbívoros menino Pedro?



PEDRO: (nervoso) Animais herbívoros? Animais herbívoros são…. (arranha na cabeça) Não sei!



PROFESSOR: O que é que o menino Pedro sabe afinal?



PEDRO: Não sei!



CENA 3



Entretanto aparece o porteiro da escola e trás o Francisco por uma orelha



FRANCISCO: (queixa-se) Ai! Ai! Ai! Largue-me a orelha Sr. Bolhinhas!



SR. BOLHINHAS: Anda seu malandreco!



PROFESSOR: Mas o que vem a ser isto?



FRANCISCO: Está-me a magoar!



PROFESSOR: Mas o que se passa Sr. Bolhinhas?



SR. BOLHINHAS: Passa-se, que eu fui até ao bar da escola, beber uma bolha de vinho e quando ia a sair encontrei este melro sem penas, a tentar fugir da escola.



PROFESSOR: Mas o quê? Então mas o menino não disse que estava à rasquinha para ir à casa de banho?



FRANCISCO: Estava!



PROFESSOR: Então porque é que tentou fugir!



FRANCISCO: Porque eu ia para ir à casa de banho da minha casa.



PROFESSOR: Mas nós temos a casa de banho da escola!



FRANCISCO: Por isso mesmo! A casa de banho é da escola não é minha.



PROFESSOR: Vá para o seu lugar menino! (o Francisco obdece)(para o porteiro) E o senhor Bolhinhas de vez de passar o tempo no bar a beber bolhas de vinho, se estivesse a guardar o portão da escola, nada disto acontecia. Que eu saiba pagam-lhe para ser porteiro! (porteiro sai de cena)



CENA 4



PROFESSOR: Agora vou fazer a ultima pergunta, para acabar a aula. Qual é a matéria-prima da Cerâmica?



MARIA: É a cera senhor professor!



PROFESSOR: Cera tem a menina é o barro! Vocês não sabem nada, eu da vossa idade sabia muito!



FRANCISCO: Se calhar devia ter um professor melhor que o nosso! (pega no seu livro, estojo e mochila e sai da aula a correr)



PROFESSOR: Volta aqui seu patife! (corre atrás do Francisco mas já não o apanha)

(os alunos arrumam os seus livros nas mochilas e saem de cena)


FIM

2 comentários:

  1. Com uma aula destas é impossível os alunos aprenderem.
    Mas, está engraçado o modo da escrita.
    Continua que estás aprovado.

    ResponderEliminar